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Controle de Desgaste Físico em modelo Sistêmico de Trabalho

  • Foto do escritor: Túlio Flôres
    Túlio Flôres
  • 13 de nov. de 2014
  • 6 min de leitura

Por Túlio Flores


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O perfil de trabalho vem mudando principalmente nas categorias de base, em alguns centros essa mudança já vem acontecendo nos times profissionais. Treinos onde a intensidade está sempre presente. Treinos mais contemporâneos, onde a bola e contexto de jogo estão no dia a dia e nas programações semanais.


Então pergunto, a função de preparador físico está em extinção? Eu mesmo respondo, Não!

Do que estamos diante é mais uma adaptação, mais uma mudança de conceitos e linhas metodológicas que já aconteceram no futebol brasileiro e mundial. Há muito tempo atrás, o método analítico, onde as partes, física, técnica e tática eram vistas de uma forma totalmente separada uma das outras. Depois tivemos uma aproximação das partes físicas e técnicas com o treinamento integrado. E hoje vivemos uma contextualização dessas esferas, cada vez mais os trabalhos englobam objetivos táticos, técnicos, físicos e também comportamentais.


Portanto, como podemos usar toda a tecnologia e conhecimento já adquirido em outras vertentes?


Os aspectos táticos vêm apresentando uma evolução extraordinária, e também a aceitação dessas vertentes no mercado. Então esse é o primeiro ponto de evolução do preparador físico, ser ao lado do treinador mais um auxiliar de campo, ter também o entendimento do jogar. Buscar em seus trabalhos, componentes que auxiliem o treinador nas questões táticas, principalmente na forma de jogos reduzidos, onde o enfoque comportamental está em evidência. Mas também saber identificar através de ferramentas viáveis a estrutura do clube, fatores como intensidade dos treinos, capacidade de recuperação dos atletas entre as sessões, a qualidade dessa recuperação, desgaste após cada jogo, identificar o perfil físico do grupo, e também desenvolver trabalhos complementares para jogadores que não suportam a forma de jogar que o treinador programa.


A seguir algumas ferramentas que podem ser utilizadas no dia a dia dos treinamentos e jogos, em vários níveis de investimento.


CONTROLES


FistBeat Sports Team

Hoje temos ferramentas que podem ser utilizados em diferentes níveis competitivos, como por exemplo, o FistBeat Sports, já adotado por muitos clubes de fora do pais, e ainda poucos aqui no Brasil. Tenho a oportunidade de acompanhar aqui no Juventude a utilização desse sistema, pois o preparador físico Rodrigo Squinalli faz uso do Software na categoria profissional do clube.

SIte FirstBeat

“Desde o inicio da minha caminhada como preparador físico de futebol, venho tentando me atualizar através de pesquisas com alto rendimento, estudos e ferramentas que possibilitem mensurar o desgaste e ou a treinabilidade dos atletas, desta e outras modalidades de alto rendimento. Pois algo que sempre me incomodou no futebol, é a falta de informações quanto condicionamento físico do atleta de futebol ou desgaste causado nos treinos ou jogos do atleta, colocando nossa área de atuação, no caso a cientifica de performance e rendimento se igualando a técnica e tática, onde qualquer um pode falar o que achar conveniente, ou situacional do jogo, nos colocando (preparadores físicos) em igualdade com qualquer um para discutir tal assunto.”

Rodrigo Squinalli


O programa é baseado na analise avançada da variabilidade da frequência cardíaca in loco. O programa traz uma série de marcadores, que monitoram o desgaste cardíaco dos jogadores durante o treino, atleta por atleta, dentro de qualquer atividade prescrita pela comissão técnica. O mesmo programa também tem uma função “recover”, que é uma avaliação, simples e rápida da freqüência cardíaca e de sua variação em repouso que diz o percentual de recuperação deste jogador.


Squinalli ainda afirma que, com as informações que o firstbeat sports team proporciona, é possível praticamente anular a subjetividade naturalmente aceita por nós, nos treinamentos e jogos de futebol. Com dados que vão desde gasto calórico até % de VO² , em tempo real, nos possibilita o controle ainda mais fidedigno, da real carga imposta pelos treinamentos e jogos, assim como o custo energético das atividades.


CATAPULT

Temos também o CATAPULT, uma empresa australiana especializada na produção de micro tecnologias para o monitoramento atlético. Usando o sistema de GPSs de alta frequência, de altíssima precisão, cruzando dados 3D, utilizando três acelerômetros, três giroscópios, três magnetômetros, todos dispostos em três eixos de movimento, medem em 100Hz (100 medições por segundo).

Imagem do site catapult

Uma das grandes vantagens da utilização do sistema é que ele mede todos os aspectos do movimento e os esforços dos jogadores durante as atividades de treinamento específicas. O sistema OptimEye é considerado hoje o mais avançado sistema de monitoramento atlético do mundo, ele possui um GPS de 10Hz verdadeiro. Isto significa que o GPS mede 10 vezes por segundo a posição e os movimentos do jogador, tornando-o mais preciso. Outras marcas oferecem GPS 10Hz "corrigido" ou "assistido". Isso significa que o seu GPS não mede a posição e os movimentos do jogador 10 vezes por segundo. As medições dele ocorre em 1 ou 5 Hz (uma vez ou cinco vezes por segundo) e então "estimar" dados intermediários.

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Alem das funções normais de um controle via GPS, como distância total percorrida, números de sprints, velocidades alcançadas dentro dos trabalhos, velocidade média, ele trás uma variável de desgaste, cruzando informações do GPS com o acelerômetro e outros dispositivos. Além claro, da facilidade do controle dentro do campo de jogo, e monitoramento em tempo real de treinos e jogos. Ele ainda tem a capacidade de receber informações de cintas cardíacas da marca POLAR, então também com controles de desgaste central dos jogadores.


GPS de Pulso

O GPS de pulso já vem sendo utilizado em grande escala em diferentes níveis. Por ser uma tecnologia relativamente barata, e de fácil manuseio, pode ajudar muito no controle dos treinos. São várias marcas, hoje, existentes no mercado, variando seu nível de precisão e também a utilização ou não da frequência cardíaca durante o treino. O próprio GPS de pulso, já nos traz boas informações, principalmente sobre o volume do treino, alguns dados não são utilizáveis on time, a maioria precisa ter os dados descarregados para o computador, mesmo assim fornece um bom controle para o treino, e alguns modelos também utilizam a monitoração da frequência cardíaca. Para quem dispõe de menos recurso este é uma boa saída, pois relações entre distância percorrida, velocidade média dos trabalhos e percentual da freqüência cardíaca nas sessões de treino nos fornece boas informações sobre o que está acontecendo em nosso dia a dia.


Imagem site Garmin

Uma das principais desculpas para treinos ao redor do campo era que não se atingia as intensidades previstas, ou não se exigia ao máximo dos jogadores. Bom, com esse tipo de ferramenta, mais a percepção visual que é de fundamental importância independente do nível que se trabalhe, podemos ter o controle preciso de quem está dentro ou fora dos objetivos, tanto tático, técnico e físico.


Lembrando que esses métodos de avaliação ou controle de treino podem ser utilizados em todas as sessões, independente do caráter metodológico.


Monitoramento Sanguíneo

Também é comum encontrarmos, principalmente em grandes clubes, o monitoramento sanguíneo dos jogadores. Como o futebol apresenta durante uma partida muitas ações, sem uma pausa padrão que se possibilite uma recuperação completa entre uma ação e outra, o desgaste mecânico das fibras acaba ocasionando microleões, estas levam a ruptura da membrana celular das fibras, e com isso extravasando conteúdo intracelular, principalmente enzimas, para a corrente sanguínea. Algumas dessas enzimas e proteínas analisadas após o exercício, e comparadas com resultados em repouso (período sem atividade), nos mostram os nível de dano muscular dos jogadores, e o grau de recuperação muscular dos mesmos. Os marcadores bioquímicos mais utilizados são a Creatina Quinase (CK), Lactato Desidrogenase (LDH), Aspartato transaminase (AST), Mioglobina (Mb), Testosterona, Cortisol e a relação destes dois últimos, Relação (T/C).


Para o controle de intensidade, por monitoramento sanguíneo “in loco”, o mais usado ainda é a coleta de Lactato. Representa a intensidade através do substrato energético predominante para a atividade que está sendo desenvolvida. Detalhes como o momento da coleta, local da coleta podem interferir na fidedignidade dos resultados.


Escalas Subjetivas

Quando não possuímos um grande orçamento, ou uma grande tecnologia a literatura nos traz ferramentas que nos auxiliam em nossa rotina de treino. Se não pudermos contar com ferramentas que nós mostram o desgaste sanguíneo podemos utilizar uma escala subjetiva de recuperação, que trazem escalas, com níveis de recuperação diferentes.


Da mesma forma quanto á intensidade de treino. Uma escala subjetiva de esforço, como o BORG, por exemplo, nós traz um dado confiável e fidedigno sobre como o treino repercutiu em determinado jogador.


Uma Escala Associada de dor também é importante para a identificação de cansaço muscular, ou até mesmo de uma lesão mais leve. A partir da identificação que existe uma dor muscular, podemos levar em consideração o treino anterior, o local da dor e se é bilateral ou não, se é localizada ou zonal, e uma série de fatores que nos auxiliam na prevenção de futuras lesões.


Quando usamos esses recursos, como escalas subjetivas, é preciso entender que uma avaliação isolada em um determinado período não diz nada, mas se tivermos uma avaliação diária de cada jogador teremos um padrão individual e quando algo fugir do padrão é momento de buscar outras respostas.

Imagem Arthur Dallegrave

Vimos algumas ferramentas que podem auxiliar no controle do desgaste dos jogadores dentro de um contexto metodológico sistêmico. Vale lembrar que os conceitos de jogo que o treinador define para o time, juntamente com sua comissão técnica, são o norteador do trabalho, as demais ferramentas seguem como auxiliares para o trabalho.

Colaboradores

Rodrigo Squinalli - Preparador Físico do Time Profissional do E.C. Juventude

Guilherme Tesser - Representante de Vendas da empresa Catapult.

 
 
 

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